A rotina exaustiva da escala de trabalho 6×1 — seis dias trabalhados para apenas um de folga — tem gerado impactos profundos na vida das mulheres, especialmente daquelas que acumulam a dupla jornada com os cuidados familiares. O tema foi discutido nesta terça-feira (20/05) em audiência pública conjunta na Alerj, reunindo deputadas, sindicatos e trabalhadoras. Entre os relatos, destacaram-se casos de assédio, demissões por faltas justificadas e abandono de estudos por conta da sobrecarga.
A deputada Renata Souza (PSol) apresentou o Projeto de Lei 5.321/2025, que propõe abono de faltas de funcionárias que precisarem levar filhos ao médico, com apresentação de atestado. A proposta surgiu após ouvir histórias como a de Giselle Soares, mãe carioca que foi demitida por faltar ao trabalho no dia em que o filho quebrou o braço. “É inadmissível que uma mãe seja penalizada por cuidar do próprio filho”, criticou Renata.
Dados do Governo Federal revelam que as mulheres fluminenses recebem, em média, 27% a menos que os homens. Além disso, dedicam o dobro do tempo aos afazeres domésticos e enfrentam maior inserção em empregos precários. Parlamentares e representantes sindicais afirmaram que a escala 6×1 contribui para esse cenário e cobraram políticas públicas que promovam mais equidade e condições dignas de trabalho.
Além do debate legislativo, os participantes defenderam maior diálogo com os empregadores e criticaram a ausência da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda no encontro. “Sem o envolvimento do poder público, não avançaremos. O fim da escala 6×1 é uma questão de dignidade e justiça social, principalmente para as mulheres que sustentam suas casas sozinhas”, afirmou Ana Paula Brito, do Sindicato dos Comerciários do Rio.
Fonte: Ascom Alerj
