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Audiência da Alerj debate os desafios da maternidade atípica e cobra ações do Estado

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Foto: Alex Ramos

Segundo dados do IBGE, o Brasil possui 2,4 milhões de mães de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse cenário foi tema central de uma audiência pública realizada nesta quarta-feira (25), pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj, presidida pela deputada Renata Souza (PSOL), que destacou os desafios da chamada maternidade atípica, vivenciada por mães que se dedicam integralmente ao cuidado de filhos com deficiência, especialmente o autismo.

Durante o encontro, foram apresentados dados que revelam a invisibilidade dessas mulheres: cerca de 10 milhões de brasileiras se dedicam exclusivamente ao cuidado dos filhos, muitas delas sem o apoio do Estado ou mesmo do companheiro. A deputada Renata Souza anunciou que enviará ofício às Secretarias de Saúde e Assistência Social para cobrar transparência nas ações voltadas às mães atípicas e políticas públicas que garantam dignidade, apoio psicológico, inclusão escolar e acesso ao diagnóstico precoce.

Entre os encaminhamentos aprovados na audiência estão: a criação de uma Frente Parlamentar Estadual em Defesa da Política Nacional de Cuidados, ações junto aos Conselhos de Nutrição e Psicologia para tratar da saúde mental e alimentar dessas famílias, e a proposta de um Programa de Ampliação das Residências Inclusivas. Também foi solicitada à Secretaria de Educação a fiscalização do cumprimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), diante dos relatos sobre a falta de estrutura para lidar com a seletividade alimentar típica de muitas crianças autistas.

Durante os depoimentos emocionantes, mães relataram abandono paterno, esgotamento emocional e exclusão institucional. A pedagoga Vanessa Ferreira destacou que 78% dos pais abandonam a família após o diagnóstico de deficiência. Já Fernanda Fialho, mãe solo e autista, falou sobre a dificuldade de acessar serviços de saúde com a filha por conta de regras rígidas que limitam acompanhantes. Priscila Melo, outra mãe atípica, relatou o despreparo das escolas diante das necessidades alimentares e sensoriais do filho.

Muitas mães vivem em silêncio sobrecarregadas por um cuidado constante e exaustivo, enquanto enfrentam barreiras estruturais. A luta por diagnóstico precoce, acesso à educação inclusiva e apoio psicológico precisa ser também uma luta da sociedade. Valorizá-las é garantir o futuro de milhares de crianças e jovens com deficiência.

A expectativa é que o programa estadual de qualificação profissional com atendimento biopsicossocial às mães atípicas seja lançado até outubro, segundo informou Neide Aparecida, da Secretaria de Direitos Humanos. Porém, como destacou a coordenadora das maternidades estaduais, Margareth Portella, o maior desafio segue sendo a falta de profissionais especializados, especialmente na área de neurologia, o que compromete a detecção precoce do autismo e o início de tratamentos adequados.

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